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Vou-me matar. Não posso viver assim!

 

“Quando a minha vida está à disposição de um agente do poder, como posso eu considerar-me livre?” (Romaniales – DIREITO PUB).

Primeiro que o homem chegue ao estado de déspota, tem de lutar com as repugnâncias da consciência, e sufocar-lhe as vozes, que proclamam os direitos do indivíduo. O despotismo não tem direitos: - tem a força bruta; e mal daquele que não pode contrapor-lhe o ferro com o ferro, o cacete com o cacete, e o sentimento brutal com a degradação do raciocínio. Depois que o vislumbre de humanidade se apagou no coração, quebrados estão os vínculos sociais, e rotos os laços de parentesco com os outros homens: - a sensibilidade torna-se de ferro, o semblante de horror, e de afronta as vozes, o ar, as ideias, e o nome. Ninguém há que não sinta a aspereza do despotismo, ao riçar-se por esse cadáver despojado de moralidades, de impressões dolorosas, e de consciência do bem: - aí não há mais que vitupérios, calúnias, e um fragmento do mundo irracional, que nos ensina a conhecer as galas da razão.

Assim procedem e pretendem, “à viva força”, “manipular-nos”, quebrarem os laços que nos Une, os déspotas da Troika (FMI, U.E., Banco Mundial), que não só têm gerado um clima de terror e de desespero, como têm vindo a desrespeitar as Leis da Grécia e Portugal, através de uma clara e nítida “ingerência interna” e inaceitável, aos assuntos internos destes mesmos países.

Pode ser déspota o mendigo, porque o é, o salteador; pode sê-lo o pastor entre os seus companheiros, porque o é, o irmão entre seus irmãos; mas os mandatários do poder – esses agentes capitalistas e exploradores, que só lhes interessa o lucro financeiro (doa a quem doer) – é três vezes terrível, infesto, e contagioso na sociedade. Porque, pouco lhes importa que a razão de um Homem nobre, sério e honrado, se confrange, se atormente, se envergonhe de mendigar; que as vozes do ofendido morram às portas destas excelências, como vagidos de crianças, que morrem de fome; ou dos idosos que sofram sem assistência médica e morram de solidão, esquecidos e enclausurados na miséria; ou que uma maioria dos nossos jovens, se encontra no desemprego. Nada! Absolutamente nada, lhes importa!

Eis as palavras daquele sexagenário - Sr. Dimitris Christoulas -  (farmacêutico aposentado), antes de pôr termo à vida em frente ao Parlamento em Atenas na Grécia: “…Não encontro outro caminho para reagir, a não ser dar um fim definitivo, antes que eu tenha que começar a revirar o lixo para sobreviver e me torne um “fardo” para o meu filho”! Uma testemunha contou à televisão estatal, que ainda o ouviu gritar: “Não quero deixar dívidas aos meus filhos (…) sou reformado e...não posso viver nestas condições (…) por isso decidi pôr fim à vida”. Depois acusou ainda o governo de “aniquilar qualquer esperança de sobrevivência”
                      Para esta “pandilha” de governantes, para esta “Corja” de “malfeitores”, porventura devemos culto, ou teremos que ter respeito a esses déspotas, só porque vimos um cacete ou um bastão, que nos pode espancar? Há casos que o requinte da desvergonha chega a tal ponto, que as considerações sobre os seus actos se turvam e confundem na inteligência de quem as medita!

Para ti meu Irmão Dimitris, vergo-me, respeitosamente, à tua coragem, à tua Dignidade e Honra de Homem, com “H” grande. Que descanses em Paz, no reino do Senhor!

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